Paquistão: suprema corte inocenta cinco homens acusados de estuprar coletivamente uma mulher

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Em 2002, Mukhtaran Mai, uma aldeã analfabeta da província de Punjab (leste do Paquistão), de 30 anos, foi estuprada  supostamente por ordem do poderoso clã Mastoi como forma de castigo porque seu irmão de 12 anos de idade teria tido um caso com uma mulher de outra casta, fato que teria trazido vergonha para todo o clã dela. A ordem do estupro teria sido dada por um conselho de anciãos da vila onde vivem os envolvidos.
O crime chocou o Paquistão, que tenta se afastar da sharia, lei islâmica tribal baseada no Alcorão.

Em vez de cometer suicídio, como soem fazer muitas mulheres paquistanesas vítimas de estupro coletivo,  Mai iniciou uma batalha legal em busca de punição aos culpados. Ela se tornou um símbolo da defesa dos direitos das mulheres no Paquistão.

Em 31/08/2002, os seis paquistaneses foram condenados à morte e multados em 40.000 rupias (US$ 670).  Entre os seis, estavam os quatro estupradores e dois membros do conselho tribal que ordenou o crime.

Eles recorreram da decisao do juiz dizendo que a sentença foi um mal-entendido dos fatos.
No entanto, nesta sexta-feira a Suprema Corte do Paquistão decidiu inocentar cinco de um grupo de seis homens acusados de ter cometido o hediondo crime. O sexto homem que participou do estupro coletivo teve sua sentença de morte trocada por prisão perpétua.

Medo
A vítima, depois de tomar ciência da decisão, dissse que perdeu a fé em tribunais e que pesa sobre ela e sua família uma ameaça de morte ou de novo estupro coletivo.

Para a ONG americana Human Rights Watch, o veredicto sugere que mulheres podem sofrer abusos sem que os autores sejam punidos.

Noticia completa no site do Estadao
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,tribunal-paquistanes-inocenta-homens-que-cumpriram-ordem-de-estupro-coletivo,709362,0.htm

3 comentários:

Anônimo disse...

O caso completo
Em nome da "honra" muitas mulheres são mortas todos os anos no Paquistão.
O estupro coletivo foi o veredicto dado a Muktar Mai pelo jirga, tribunal à margem do governo oficial. Que crime ela cometeu? Nenhum. Ao se apresentar perante o tribunal em defesa de seu irmão, que recebeu acusações que não foram provadas, quatro homens do clã mastoi(de casta superior) estupraram Mukhtar dentro de um estábulo, enquanto outros mantinham a cabeça de seu pai e amigos sob a mira de uma espigarda.
Com quase trinta anos, Mukhtar vivia com seus pais depois de se divorciar de seu marido. Ser uma camponesa, analfabeta e divorciada não a impediu de ensinar o alcorão às crianças. Recebeu oralmente os ensinos passados pelo pai e decorou cada ensinamento. No dia do estupro, carregava o livro apertando-o contra o peito.
Na cultura do Paquistão, uma mulher desonrada deve se matar.
Depois de estuprada ela foi jogada para fora quase nua. O pai a cobriu e a levou para casa. Quando chegou em casa se jogou em uma cama e não queria falar com ninguém e nem se alimentar. Assim permaneceu por três dias. A honra exigia que ela se matasse. Mukhtar pediu a mãe que trouxesse o pesticida. Os pais dela imploraram para que não fizesse isso. Ela rogou a Deus que a ajudasse. No dia seguinte, o Mulá local fez uma sermão na mesquita de Mirvala condenando o estupro. " É preciso notificar a polícia"! Disse ele diante dos escandalizados homens da aldéia. Com o apoio do mulá Maulul Abdul Razzaq, quatro dias depois do acontecido, Mukhtar foi à polícia. Ela pensou: os mastoi podem me matar, mas não serei eu mesma a fazer isso. Ela escolheu a justiça em vez da morte.

Anônimo disse...

Graças a sua coragem de denunciar aqueles homens, sua história virou notícia no mundo. Nenhuma mulher paquistanesa, antes, havia se levantando contra os seus agressores. Ela se tornou um símbolo do direito das mulheres. Diante de tamanha publicidade, o governo passou a apoiá-la. Sua família recebeu proteção policial e uma promesa de rapidez no processo. Muitos, inclusive mulheres agredidas, foram até Mirvala para conhecer Mukhtar Mai. Os depoimentos de outras mulheres a incentivaram a continuar a luta. Entre as muitas visitas, Mukhtar recebeu a ministra federal para as mulheres, Attiva Inayatulah. "Recebi do governo a ordem de lhe dar esse cheque de meio milhão de rúpias"(US$ 8.200). Disse ainda, que não se tratava de um compensação, mas um símbolo da identificação como o sofrimento pelo qual Mukhtar havia passado. A ministra ficou chocada ao ouvir a declarção de Mukhtar: "Não preciso de dinheiro!" Depois de muito insistência ela recebeu o cheque dizendo: "o que preciso é de uma escola. Vou usar esse dinheiro para construir uma."
Mukhtar se apresentou diante do juiz e dos quatorze homens mastoi algemados e contou como foi estuprada. O veredicto saiu em 31 de agosto de 2002. Seis dos mastoi foram condenados a morte por sua participação no ataque. Oito foram libertados. Mukhtar poderia ter se mudado de Mirvala com sua família. No entanto, ela tinha um sonho. Uma escola. Ela queria construir um futuro diferente do seu para aquelas meninas. Ela descobriu durante sua dura caminhada, desde o dia em que resolveu denunciar seus estupradores, que a educação podia fazer a diferença. Ela percebeu que aquelas pessoas que a ajudaram, tinha educação e isso dava poder à elas.Não seria fácil. Como convencer aos pais a matricular suas filhas na escola em um pais em que as mulheres não frequentam escolas? Ela foi de porta em porta. Depois de um tempo algumas poucas famílias autorizaram a matrícula. Mukhtar se sentava ao lado das crianças para também aprender. O dinheiro começou a faltar. Ela vendeu alguns poucos bens que possuia para manter a escola. Quando sua história foi noticiada, muitas doações chegaram. Em uma ano ela abriu uma escola para meninos em Mirvala e uma outra para meninas em uma aldéia próxima. Mais de setecentas crianças de todas as castas estudavam juntas na nova escola, inclusive crianças do clã Mastoi. As escolas eram apenas parte do milagre. À medida que a história de Mukhtar se espalhava, mulheres começaram a aparecer em sua porta. Elas tinham cicatrizes horríves, foram espancadas, mutiladas e queimadas com ácido. Era o castigo pelo suposto adultério. Comovida com aqueles depoimentos , Mukhtar criou o centro Mukhtar Mai de Assistência de Crise da Mulher.
Os Mastoi apeleram. Em 5 de março de 2003 cinco dos seis mastoi condenados haviam sido absolvidos e e foram postos em liberdade. O sexto teve sua pena comutada para prisão perpétua. Ela não desisitiu apelou o novo veredicto. Apoiada pelos ativistas dos direitos humanos, ela conseguiu fazer com que eles fossem presos novamente. Com as escolas e o centro de mulheres, essa camponesa, contra todas as probabilidades, salva mulheres da repressão, dando à elas uma nova oportunidade. E quanto a nós? Mulheres cristãs , que vivemos em um país livre. O que temos feito para ajudar as nossas irmãs? Seja um milagre na vida das mulheres que sofrem. Reflita sobre as palavras dessa magnífica mulher: " Sou só a primeira gota d"agua, mas a chuva virá. E muitas gotas de chuva acabam formando um grande rio."

Ana Maria disse...

"O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É SIM O SILÊNCIO DOS BONS"

[ Martin Luther King ]

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