Resumo do texto de Luis Flavio Gomes
O que conquistamos, com a redemocratização (1985), foi apenas a
democracia eleitoral (possibilidade de votar a cada quatro anos), fortemente
viciada pelo dinheiro e pela corrupção das bandas podres das classes poderosas
que financiam e compram os políticos para a defesa dos seus exclusivos
interesses (formando assim esdrúxulas bancadas dentro do Congresso: da bala, do
boi, da bíblia, do bife, das bebidas, dos bancos, das betoneiras – empreiteiros
-, da buraqueira mineradora etc.). Estamos longe de uma decente democracia
cidadã (que pressupõe o fim da desigualdade extremada assim como respeito aos
direitos de todas as classes sociais).
O povo brasileiro é alienado em termos políticos (ora por ignorância, ora por ódio à
política), e não move uma palha para promover grandes mudanças. A força de alguns
movimentos sociais atuantes (CNBB, OAB, MCCE etc.) é um pingo d’água no oceano
da depravação político-econômica.
Somos um povo que está ficando craque em
protestar (isso já constitui uma virtude, não há dúvida), mas que não sabe
converter a indignação da massa em movimentos políticos transformadores (como
está fazendo o Podemos na Espanha, por exemplo).
Com a reforma política projetada o risco enorme é
de que tudo ficará pior. Não se mexe na estrutura do poder, não se estimula o
fim da alienação do povo (que quer distância da consciência crítica). Os
políticos profissionais agradecem penhoradamente essa alienação da massa que
não se empenha por mudanças.
A casta
anda de costas para a população e a população vive de joelhos ou às cegas
frente às castas governantes. Não existe terreno mais fértil para o fracasso
coletivo. Nessa toada, não será tarefa fácil tirar o Brasil do atoleiro do
semi-desenvolvimento.