Origem da violëncia em Belém: omissoes dos governos passados para com os munícipes do interior

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A violência em Belém está adoecendo a população.  Segundo a psicóloga Niamey Granhen, muitas vítimas de assaltos, sequestros, homicídios e estupros desenvolvem transtornos de ansiedade que dificultam o convívio social, impedindo-as de saírem para trabalhar, para estudar, para passear, pelo temor de serem mortas na rua.
É o medo, originado pela violência cada vez mais presente no cotidiano da sociedade contemporânea que vem se transformado em um sentimento pernicioso, doentio, muito diferente daquele que nos protege e garante a nossa integridade física e psíquica.
No entanto, devemos compreender que o conceito de violência não pode ser resumido às ações consideradas como crime pela lei penal. Na verdade, não existe uma definição consensual ou incontroversa de violência, de forma que a Organização Mundial da Saúde (OMS) a define como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”.
Então, violência vai além do assassinato, do roubo, das lesões corporais, da tortura, pois nela também se inserem as ações de corrupção, a fome, o preconceito, a poluição sonora, a falta de saneamento, os lixões a céu aberto, as omissões de quem tem o dever de agir, haja vista que todas essas situações geram dor e sofrimento evitáveis.
Por conseguinte, a violência deve ser compreendida como todas as violações dos direitos:
·             - civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto);
·             - políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política);
·             - sociais (habitação, saúde, educação, segurança);
·             - econômicos (emprego e salário) e
·             - culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura).


Para conhecermos a raiz da violência encontrada em Belém, o livro "Crescimento, Pobreza e Violência em Belém”, do Dr. Henrique Rodrigues de Miranda et all, publicado em 2008 pela UFPA, nos revela que o salto quantitativo da violência em Belém (e hoje, em todos os municípios da Região Metropolitana) é conseqüência do crescimento demográfico ocorrido entre as décadas de 60 e 80, quando a população em Belém saltou de 300 mil para um milhão de habitantes.
Esse crescimento populacional, por sua vez, foi determinado pela ausência de políticas públicas voltadas para a educação e a geração de emprego e renda nos municípios do interior paraense.  Em outras palavras, crianças e jovens nascidos no interior tinham que se deslocar para a capital para avançar além da antiga “4a. série primária”.
Igualmente, a falta de política pública destinada a gerar emprego e renda naquelas cidades também inviabilizou a permanência de milhares de adultos, os quais foram obrigados a migrar para a capital em busca de condições de sobrevivência.
Ocorre que Belém não estava preparada para receber toda essa mão de obra (desqualificada, por sinal), de forma que um dos primeiros problemas acarretados pelo crescimento demográfico foi a informalização do trabalho e o aumento de ocupações irregulares na periferia.
Desta forma, estudantes e adultos que saíram de suas cidades em decorrência de ausência de escolas e postos de trabalho, deram inicio à nossa história de cidade populosa, violenta, que cresce desordenadamente, sem controle do estado, sem sustentabilidade.
No entanto, até o momento em que a cidade recebia somente paraenses interioranos, a formação moral e religiosa dos migrantes possibilitava ao Estado o exercício regular do controle social e um convívio gregário sem grandes embates. O problema realmente se agrava quando a nossa metrópole começa a acolher brasileiros de outros estados da federação. É a partir daí que a violência realmente explode e o Estado se vê sem condições de garantir o monopólio do uso de força.
Portanto, nas omissoes dos governos passados para com os munícipes do interior encontramos a origem da atual violência. 


A pergunta é: como vamos reverer ou pelo menos minorar essa guerra civil que se trava silenciosamente na periferia de Belém?

  


2 comentários:

Anônimo disse...

Esta cidade nao tem mais jeito. Está dominada pelo crime. Nada mais nos resta a fazer, só rezar....

Anônimo disse...

Todo dia tem gente assaltada, gente que é morta, gente que sofre com vizinhaná.
A cidade é um caos.
Os governos sucedem e nao fazem nada. Nao sabe o que fazer, essa é a verdade. Só gente incompetente que nao sabe como tratar o problema.
Essa é a raiz: elegemos quem nao sabe governar.

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