no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro, exatamente 17 anos depois do crime que ganhou repercussão nacional. O Ministério Público Estadual pedirá a condenação dos réus pela prática de homicídio qualificado. O promotor de Justiça criminal Marcos Mousinho, que atuará no julgamento, alega que os militares praticaram os crimes em coautoria.
Para o Ministério Público, que aguarda pelo julgamento há 17 anos, Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva, todos policiais militares, eram os responsáveis pela segurança particular de PC Farias (como era conhecido o empresário) e, por este motivo, tinham a obrigação de zelar pela vida dele. Então, se eles tinham a missão de salvaguardar a integridade física do PC Farias e não o fizeram, ou é porque sabiam que o crime seria cometido e não se movimentaram para impedi-lo ou, talvez, tenham tido participação direta nas mortes.
Os PMs alegaram que Suzana teria assassinado o próprio namorado, todavia, os laudos periciais que estão acostados aos autos comprovaram que a tese de homicídio seguido de suicídio está descartada, explicou o promotor Marcos Mousinho.
O Caso
Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados na madrugada do dia 26 de junho de 1996, numa casa de praia em Guaxuma, em Alagoas. À época, o empresário respondia a vários processos por sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Sua morte chegou a ser investigada como queima de arquivo, haja vista que a polícia chegou a suspeitar que o ex-tesoureiro poderia revelar nomes de outras pessoas que teriam participação nos mesmos ilícitos.
A primeira versão do caso, apresentada pelo delegado Cícero Torres e pelo legista Badan Palhares, apontou para crime passional. Ou seja, Suzana Marcolino teria assassinado o namorado e, na sequência, cometido suicídio. Contudo, essa versão foi contestada pelo médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade e, mais tarde, novamente questionada por uma equipe de peritos convocados para atuar no caso. Os profissionais forneceram à polícia um contralaudo que comprovaria a impossibilidade, de acordo com a posição dos projéteis, da tese de homicídio seguido de suicídio.
As mortes ocorreram numa casa de veraneio na Praia de Guaxuma, em Maceió. PC Farias ganhou notoriedade após assumir a função de tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Por conta dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados, o julgamento foi send adiado, até que finalmente acontecerá 17 anos após as mortes. Um autor intelectual nunca foi apontado nas investigações.
O julgamento
O MPE vai sustentar a acusação de homicídio qualificado por omissão. Nos autos constam provas que mostram que, se os acusados não foram os autores materiais dos dois assassinatos, deveriam, no mínimo, ter evitado as mortes.
Na presidência do Júri estará o magistrado Maurício Brêda, que foi designado para responder pela 8ª Vara Criminal da Capital, haja vista que o seu titular se averbou suspeito para funcionar no processo.
Fonte: Ministério Público do Alagoas
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