Vergonha de ser honesto.
Por Rui Barbosa
A falta de
justiça, Srs. Senadores é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a
origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a
miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande
vergonha diante do estrangeiro é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios,
os capitais.
A
injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor
os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a
semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na
fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade,
promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver
triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a
injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem
chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
Essa
foi a obra da República nos últimos anos.
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