Postagem baseada no artigo da pesquisdora Telma Monteiro publicado no sítio Correio da Cidadania, 11-09-2012.
Ela afirma que “a pretensão de apresentar uma visão de futuro calcada no desenvolvimento do
setor mineral brasileiro com objetivo estratégico de sustentabilidade é, no
mínimo, ofensiva”.
Vou publicar algumas partes do artigo divididas em diversas postagens, haja vista que é muito longo para um blog.
Segundo o artigo:
A implantação do projeto da hidrelétrica Belo Monte é a forma
de viabilizar definitivamente a mineração em terras indígenas e em áreas que
as circundam, em particular na Volta Grande, trecho de mais de 100 quilômetros
que vai praticamente secar com o desvio das águas do Xingu.
E é
justamente nas proximidades do barramento principal, no sítio Pimental, que está
sendo montado o maior projeto de exploração de ouro do Brasil, que vai
aproveitar o fato de que a Volta Grande ficará seca por meses a fio com o desvio
das águas do rio Xingu.
O Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA) do projeto Volta Grande da empresa
canadense Belo Sun Mining Corp., de junho de 2012
defende as vantagens de se fazer uma operação de lavra a céu aberto para
beneficiamento de minério de ouro com "tecnologia e equipamentos de ponta,
similares a outros projetos no estado do Pará".
Algumas pérolas podem ser
encontradas no RIMA do Projeto Volta Grande
como: "os Planos de Desenvolvimento do Governo Federal e do Governo do Pará,
para a região do Projeto Volta Grande, apontam a necessidade de
investimentos em infraestrutura, educação básica, saúde e outros aspectos que
permitam melhorar os indicadores de desenvolvimento social e econômico da
região, e promover a melhoria da qualidade de vida de suas populações, de forma
mais igualitária e sustentável".
Incrível como, além das hidrelétricas,
os projetos de mineração, na visão do governo federal e do governo do Pará,
também se tornaram a panacéia para solucionar todos os problemas não resolvidos
de desenvolvimento social. Papel que seria obrigação do Estado, com o dinheiro
dos impostos pago pelos cidadãos de bem.
Ainda, segundo o estudo
apresentado pela Belo Sun Mining Corp., o investimento total no
projeto de mineração de ouro da Volta Grande será de US$ 1.076.724.000,00, que
pretende, como "brinde", propiciar controle e monitoramento ambiental e social e
colaboração para a realização do desenvolvimento social, econômico e ambiental
daquela região. A vida útil do projeto foi estimada em 12 anos de acordo com as
pesquisas já efetuadas.
Não é uma maravilha?
Mas no RIMA faltaram alguns
esclarecimentos: não há menção aos índígenas da região, nem ao fato de que as
obras de Belo Monte facilitarão o projeto Volta
Grande e nem por que a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do
Pará está licenciando o empreendimento, quando deveria ser o
Ibama. São 106 processos de licenciamento de mineração – ouro,
bauxita, diamante, cassiterita, manganês, ferro, cobre, areia, granito – no site
do Ibama, dos quais 30 são no estado do Pará. Então, por que esse licenciamento
escapou da análise dos técnicos do Ibama?
Belo Monte é a forma de viabilizar definitivamente a mineração em terras indígenas
sábado, 22 de setembro de 2012
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