Pais: não devemos sonhar com coisas que dependem da vontade dos filhos

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Por Ana Maria
Sempre sonhei em ver meus filhos cumprindo o serviço militar obrigatório... Muitas vezes visualizei um deles com a farda verde do Exército, a caminho da selva amazônica, ou voltando dela cheio de histórias, com experiência de vida que um garoto de classe média jamais teria. Talvez esse sonho derive do fato de que eu mesma sonhei em ser militar, mas a vida me levou para outro caminho (faculdade, casamento, filhos, MP, separação ...). Mas uma coisa é a mãe sonhar com algo para seu filho e outra bem diferente é o próprio menino também sonhar com a mesma situação. Foi o que aconteceu comigo e vou relatar.

Meu filho mais velho, ao saber do meu plano de Exército para ele, sentiu-se ofendido. Chegou a insinuar que eu nao o amava alegando que a selva representaria para ele um fim cruel, haja vista que nao sobreviveria nem ao treinamento, menos ainda à floresta. Como ele é equatoriano, natural de El Tena, província de Chaco, acabou não podendo alistar-se. E aí enterramos a questão.

Ontem, minha segunda e última chance de ter um filho no Exército desfez-se em dois minutos de conversa. Meu filhote mais novo me lembrou que precisa se alistar porque completa 18 anos no ano em curso mas foi logo me adiantando que não tem a mínima intenção de ir para a selva, nem para o ar e ou para o mar. Longe dele a ideia de ser militar por um ano. Ele quer ser advogado o quanto antes.

- Filho, repense. Seria uma experiência tão boa para você. Tantas coisas que os rapazes aprendem nas Forças Armadas, durante o serviço militar obrigatório. E você, tão culto, poliglota, que lê muito, que tem sede de aprender, teria muitas qualidades para serem aproveitadas durante esse ano... e ganharia experiências que jamais terá oportunidade em toda a sua vida. Percebo que os homens que passaram pelas Forças Armadas relatam esse período como de grande aprendizagem... 
- Mamãe, não posso passar um ano no Exército. Tanto esforço para passar no vestibular para acabar na selva de Itaituba? Olha, mãe, seria até injusto, pois eu estaria tirando a vaga de um rapaz pobre que precisa ingressar no Exército. Com tanto desemprego, há milhares de jovens que querem cumprir o serviço militar obrigatório porque implica em ter um ano de salário garantido. Eu, que tenho mãe para me sustentar até os 24 anos, estaria tirando a vaga de alguém que precisa desse dinheiro para viver e dessa experiência para melhorar de vida. Posso servir a nação de outras formas. Vou ser advogado. Isso permite muita coisa. Ademais, não tenho perfil para estar na selva. Sei que não suportaria. 
Que fazer diante de tão racionais argumentos? Sem palavras, fiquei pensando, pensando até que me dei conta que eu sonhei um sonho que nao dependia da minha vontade. Mesmo que ele tenha apenas 17 anos, tem seus próprios planos, projetos e vontades. Não pode se obrigar a realizar os meus sonhos só porque é meu filho. Não tenho o controle sobre os sonhos dele. E ponto final. Acordei do sonho de anos no qual o via vestido de selva, regressando do trabalho com inúmeras histórias vividas na floresta mais misteriosa e cobiçada do Planeta. 

Fotos: http://camaleoesbemvindoaselva.blogspot.com.br/p/brigada-de-infantaria-de-selva.html

1 comentários:

Anônimo disse...

Dra. Ana Maria

A senhora tá maluca em querer mandar seus filhos para o exército. Já ouviu dizer que “Hierarquia é como prateleira: Quanto mais alta, mais inútil”

ainda bem que os meninos sao racionais e nao quiseram fazer parte desse sonho nada saudável.

Me admiro da senhora, sempre tao sensata...

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