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terça-feira, 10 de maio de 2011


Fico com a alma abalada desagradavelmente e em estado de excitação psíquica sempre que leio certas notícias sobre os crescentes investimentos da empresa no Estado do Pará. Notícia da Agência Estado publicada em “O LIBERAL” de 07 de maio de 2011 informa: “Investimento da Vale no Pará cresceu 20% em 3 meses”, passando de U$ 1.307.195.000 no primeiro trimestre de 2010, para U$ 1.572.688.000 no primeiro trimestre de 2011, e que, “em 2011, as ações socioambientais da mineradora já expandiram 27%”, passando de U$ 22.400.000 no primeiro trimestre de 2010 para U$ 28.500.000 no primeiro trimestre de 2011. Só esqueceu-se de informar que os resultados percentuais apresentados foram baseados em números absolutos, desconsiderando-se ou omitindo-se os números relativos envolvidos nos mesmos períodos.
Fico questionando as razões para não revelarem todos os números relacionados ao assunto em uma única notícia, pois “O LIBERAL” do dia seguinte, 08/05/2011, informou, em nota sobre a “despedida de Agnelli”, que a Vale lucrou R$ 11,291 bilhões (agora em reais) nos três primeiros meses de 2011 – alta de 12,9% ante o quarto trimestre de 2010 e de 292% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Isto mesmo: quase trezentos por cento descontados todos os dispêndios, inclusive “ações socioambientais”.
O adjetivo “Referencial” é considerado como um marco ou ponto de referência usado para definir a posição de outros objetos, indicadores, ou fatos concretos. Portanto, em números absolutos, verifica-se que os investimentos cresceram 20% e os lucros 292% no mesmo período, ou seja, quinze vezes mais. Se levarmos em conta os valores com as ações socioambientais, verificaremos que os do ano passado corresponderam a 1,71%, e os de 2011 a 1,81% dos respectivos lucros líquidos, portanto, houve um acréscimo de apenas 0,06% em relação aos lucros efetivamente extraídos do Estado do Pará, correspondente ao fator F = 0,0006 em números relativos, o que poderia ser equiparado às “bugigangas” que os colonizadores europeus davam aos índios da mata atlântica para levar o pau Brasil há mais de cinco séculos passados.
A notícia também informa que a mineradora adquiriu o controle da Biopalma da Amazônia S/A – Reflorestamento, Indústria e Comércio, no Pará, produtora de óleo de palma, matéria-prima para a produção de biodiesel, e que a aquisição “representa um novo passo da empresa no caminho da construção de matriz energética mais limpa e do desenvolvimento sustentável”. Resta perguntar desenvolvimento sustentável de quem, considerando a publicação em O LIBERAL de 03 de abril de 2011, da matéria “Programa planta êxodo e colhe miséria”, da qual recomendo leitura, bem como, do artigo publicado no Eco Debate sob o título Êxodo e miséria, assunto sobre o qual, curiosamente, não se ouviu mais falar. Abafa o caso! O jornalista não mente, ele apenas “adapta” a realidade…

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