Espécies que vivem no museu fundado em 1871  estão sendo prejudicadas pelo intenso tráfego de veículos, verticalização das construções e outros fatores de urbanização desregrada que vivemos em nossa cidade
Prédios super altos e trânsito mais do que intenso não tiram o sossego apenas das pessoas que moram em grandes centros urbanos. Pesquisa do museólogo Antonio Carlos Lobo Soares, do Museu Paraense  Emílio Goeldi, em 2009, e que acaba de se transformar no livro “Impactos da  urbanização sobre parques: estudo de caso do Parque Zoobotânico do Museu  Goeldi (Belém-PA)”, lançado pela editora  Blucher, de São Paulo, revela que as áreas verdes mantidas em forma de  parques e praças nas grandes cidades também sofrem com os impactos da  urbanização. O tráfego rodoviário é o maior vilão a impactar os parques públicos. 
  
Lobo agora está analisando os  casos do Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, localizado em uma das  avenidas com maior intensidade de tráfego de Belém, e das praças Batista  Campos e República, ambas em áreas de grande fluxo de veículos. “Posso  afirmar que os problemas nestes quatro espaços se assemelham. Os maiores  em área sofrem menos que os menores", diz o pesquisador.
Barulho intenso.
O estudo comprovou que o ruído produzido pelo tráfego de veículos no  entorno do Museu compromete um dos aspectos mais característicos do  Parque: a tranquilidade. Essa queixa foi feita por 46% dos visitantes  entrevistados pelo pesquisador.  Em todos os pontos de medição foram registrados níveis sonoros acima de  55 decibéis, chegando a 70 dB nos pontos mais críticos, nas periferias  do Parque sob forte influência do trânsito.
Esse índice mínimo é superado nos pontos medidos no domingo, atingindo  de 59 dB a 65 dB. Em ambos os casos, os níveis alcançados estão muito  acima dos índices considerados aceitáveis pela Organização Mundial de  Saúde (OMS) e pela normativa brasileira vigente (ABNT-NBR 10151). “Se a  tranqüilidade da fauna, da flora e dos visitantes destes parques está  perdendo qualidade, isto significa que a população belenense está  sofrendo igualmente, por estar sujeita às mesmas fontes que são aqui  apresentadas”, atesta o pesquisador.
VERTICALIZAÇÃO
Outra ameaça às áreas verdes urbanas é a verticalização das construções.  De 1975 a 1986 foram construídos, em Belém, 178 prédios com mais de 15  andares, 49 deles (27,5%) em Nazaré e São Brás, onde está o Parque  Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi. De acordo com o arquivo da  Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), entre 1987 e 1989, foram  aprovados 235 novos projetos de construções com mais de 15 andares na  capital. 
Segundo Lobo, os grandes prédios próximos às áreas verdes provocam ao  menos dois grandes problemas: sombreamento e alteração do vento. No caso  do Museu, nos últimos anos, pelo menos 36% de sua área foi sombreada  por prédios ao redor. “Os edifícios altos, ao sombrearem o Parque  Zoobotânico, tornam a umidade na área excessiva, favorecendo a  decomposição da biomassa vegetal e a incidência de pragas e moléstias em  seu interior”, explica. 
Já o vento, canalizado entre os edifícios, ganha mais velocidade e passa  a interferir no processo de transpiração das folhas, podendo ocorrer  quedas de galhos e até de árvores na periferia do Parque.
Outro problema apontado pelo pesquisador é que os edifícios aumentam a  radiação solar no entorno do Museu, causando desconforto às pessoas e  contribuindo para a impermeabilização do solo, o que vem a prejudicar o  abastecimento dos lençóis freáticos da cidade. 
A utilização de equipamentos bate-estacas nas fundações desses edifícios  abala as raízes das árvores do Parque. A influência dos edifícios, que  impedem a incidência direta de luz solar sobre as árvores durante boa  parte da manhã e da tarde, diminui a quota do fotoperiodismo das  plantas, em prejuízo de seu desenvolvimento e resistência a agentes  danosos. 
Pelo menos três botânicos do Museu: Paulo Cavalcante, Pedro Lisboa e  Márcio Jardim atestaram que muitas árvores do Parque estão morrendo  antes da idade senil, consequência de ataques de pragas e moléstias  atribuídas a fungos.
O sombreamento, explica o pesquisador, aumenta a concentração de umidade  no solo; favorece o desenvolvimento e a propagação de fungos exofíticos  e endofiticos, que são patógenos e causam a morte de alguns espécimes  vegetais. 
Sem contar que a morte de exemplares da flora leva à perda da fauna  associada a eles. A dificuldade de penetração dos raios solares no  interior do Parque pode ocasionar mudanças no comportamento de aves como  garças, socós, urubus-rei e gaviões-real, que buscam o topo dos  viveiros à procura de aquecimento, fator essencial ao seu metabolism
“A urbanização como acontece hoje ameaça estes quatro parques, mas não  creio que os levará ao desaparecimento, até porque todos são tombados  pelo patrimônio histórico, artístico e cultural. No entanto, penso que  se medidas de proteção não forem implementadas em tempo, estas áreas se  degradarão de tal forma que não mais atrairão seus visitantes e  conservadores em potencial.”
Fonte: Redação ANN, Wikipédia e O Liberal em 06/11/2011
Museu Emilio Goeldi e outros parques públicos ameaçados pela urbanização desordenada (sem ordem) de Belém
domingo, 6 de novembro de 2011
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