Barcarena: riquezas florestais e conhecimentos tradicionais sob risco de extinção (lá e no resto da Amazônia também)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Por Ana Maria 
Foto: Carlos Baía, Barcarena, Rio Arapari
Riquezas florestais e conhecimentos tradicionais de Barcarena
Hoje, ao fazer um atendimento na minha nova comarca, localizei no meu computador o termo de declarações que o proprietário do local onde está situado o cemitário abandonado do Cafezal (Barcarena) prestou na Promotoria de Justiça de Barcarena, no ano passado. Esse homem, cujo nome é Francisco de Oliveira Cardoso, muito conhecido como "seu Cardoso do Cafezal", é uma enciclopédia ambulante da cultura, da história e dos conhecimentos tradicionais barcarenenses. Certo dia, ele foi em meu gabinete para me falar de sua luta para preservar a cultura e os conhecimentos tradicionais, assim como sua grande preocupação com o risco de extinção das principais riquezas florestais "por conta da motoserra" (textuais). Nessa conversa, ele começou a me explicar os usos das mais importantes espécies vegetais amazônicas:
  • piquiá – fruta muito gostosa que alimenta pessoas, pássaros e animais quadrúpedes. A madeira é de lei, de qualidade, especial para fazer os alicerces das embarcações; 
  • andiroba – óleo medicinal, procurado no mundo inteiro. Serve para fazer casas, embarcações, móveis, janelas;  
  • acapu – a madeira serve para fazer esteio;  
  • amapá – o leite é medicinal pois cura úlcera, tuberculose, gastrite e problemas do estômago;  
  • cedro – faz moveis;  
  • seringueira – a hsitória de barcarena nasceu com a borracha do leite da seringueira;  
  • assacu – serve de refúgio para os papagaios. A semente serve de alimentação para pagagaio e da madeira se faz tábuas para casas, assim como móveis em geral; 
  • miriti - faz-se bóia com ele; 
  • matapi - os objetos de artesato feitos com a fibra de miriti são maravilhosos e a fruta é uma delícia, em especial o creme. Diz seu Francisco que é mais gostoso do que o bacuri; 
  • bacuri - serve de alimento e a madeira é boa para móveis, casas e embarcações pois é madeira de lei; Bacuri e pupunha são minhas frutas prediletas. Seu Francisco plantou um pé de pupunha para mim, na área verde da Promotoria de Barcarena. Quando eu voltar para lá, espero encontrar a árvore grande e com frutos.  
Todas essas riquezas e esses conhecimentos estão em extinção em Barcarena e em todos os lugares, mas - segundo afirma seu Francisco - com um pouquinho de incentivo governamental, dá para reflorestar, dá para preservar os conhecimentos tradicionais, dá para viver com sustentabilidade. 

Cemitério do Cafezal:

Um dos momentos mais emocionantes que passei em Barcarena foi o dia que fui conhecer o cemitério do Cafezal, que foi criado no século XIX. Com cerca de 1 hectare, lá ainda encontramos mais de 50 sepulturas. Seu Francisco faz o que pode para evitar que predadores furtem o que resta das peças das sepulturas, mas não tem condições financeiras de transformar a área em um espaço para visitação turística. Em sua avaliação, seria necessário limpar o espaço do cemitério, fazer trilhas e proteger as sepulturas contra pessoas que não sabem valorizar o patrimônio histórico e por isso se apoderam dos azulejos, das grades, dos tijolos das sepulturas e depois vendem para o ferro velho, por "um vintém", um patrimônio que tanto vale para o povo paraense.

Conhecimentos tradicionais: em Barcarena ainda existem parteiras, benzedeiras, puxadoras. Sei por experiência própria que rapidinho a gente fica curada com essa técinica que eles chamam de "puxar" as costas pois certa vez eu estava muito mal de uma dor e um rapaz que tem o dom (é necessário ter o dom, que passa de avó para neta ou neto) se ofereceu para "puxar" as minhas costas. Aceitei o oferecimento e qual a surpresa: fiquei boa, curada, sem dor.   Impressionante. Funciona mesmo.   

9 comentários:

Anônimo disse...

Muito obrigada por tudo, a senhora sempre estará nos corações dos barcarenenses <3

Eu. disse...

Verdade;

"A saudade existe não porque estamos longe,mas porque um dia
estivemos juntos."

Anderson de Jesus Batista da Silva disse...

Só tenho agradecer a senhora por tudo que contribui em nossa cidade, pena que o tempo foi pouco, mais ainda lembro da temivel prova da DRª Ana Maria, que graças a Deus pode passar, e estar hoje desempenhando um trabalho arduo, mais digno que é defender os direitos de nossas crinças e adolescentes de Barcarena,como filho nato do cafezal me sinto muito feliz da senhora ter lembrado dessa história, que na realidade seu Cardoso tem razão quando fala que hoje se pode viver da terra, basta mais icentivo para que nossos pequenos produtores rurais possam da mais de si,para ter uma agricultura estavél e de qualidade. Obrigado por tudo!Boa tarde!

Anderson de Jesus Batista da Silva disse...

Só tenho agradecer a senhora por tudo que contribui em nossa cidade, pena que o tempo foi pouco, mais ainda lembro da temivel prova da DRª Ana Maria, que graças a Deus pode passar, e estar hoje desempenhando um trabalho arduo, mais digno que é defender os direitos de nossas crinças e adolescentes de Barcarena,como filho nato do cafezal me sinto muito feliz da senhora ter lembrado dessa história, que na realidade seu Cardoso tem razão quando fala que hoje se pode viver da terra, basta mais icentivo para que nossos pequenos produtores rurais possam da mais de si,para ter uma agricultura estavél e de qualidade. Obrigado por tudo!Boa tarde!

Anderson de Jesus Batista da Silva disse...

Só tenho agradecer a senhora por tudo que contribui em nossa cidade, pena que o tempo foi pouco, mais ainda lembro da temivel prova da DRª Ana Maria, que graças a Deus pode passar, e estar hoje desempenhando um trabalho arduo, mais digno que é defender os direitos de nossas crinças e adolescentes de Barcarena,como filho nato do cafezal me sinto muito feliz da senhora ter lembrado dessa história, que na realidade seu Cardoso tem razão quando fala que hoje se pode viver da terra, basta mais icentivo para que nossos pequenos produtores rurais possam da mais de si,para ter uma agricultura estavél e de qualidade. Obrigado por tudo!Boa tarde!

Anderson de Jesus Batista da Silva disse...

Só tenho agradecer a senhora por tudo que contribui em nossa cidade, pena que o tempo foi pouco, mais ainda lembro da temivel prova da DRª Ana Maria, que graças a Deus pode passar, e estar hoje desempenhando um trabalho arduo, mais digno que é defender os direitos de nossas crinças e adolescentes de Barcarena,como filho nato do cafezal me sinto muito feliz da senhora ter lembrado dessa história, que na realidade seu Cardoso tem razão quando fala que hoje se pode viver da terra, basta mais icentivo para que nossos pequenos produtores rurais possam da mais de si,para ter uma agricultura estavél e de qualidade. Obrigado por tudo!Boa tarde!

Carlos Baía disse...

Sobre a Foto...

"Poucos rios, surgem de grandes nascentes, mas muitos crescem recolhendo filetes de água."

( Ovídio )

Saudades de "Oxêeeeeee..."

Vera Lúcia Costa Campos disse...

Obrigada minha estimada Drª Ana,por ter passado pela comarca de Barcarena,e ter feito a diferença neste município o que seria dos trabalhadores (as ) da Educação em Barcarena se não tivesse uma promotora comprometida com a justiça, verdade e o bem estar da população barcarenense e ainda com uma sensibilidade fora do comum.Obrigada por tudo! desejo a vc um ano cheio de vitórias e realizações na sua caminhada.
Um grande Abraço!!

Ana Maria disse...

Grata, Professora Vera, tanto pelas palavras quanto pelo acolhimento. A senhora é uma mulher de muita fibra. para mim, ter estado em BArcarena representou um enorme bem. Abraços e toda sorte em 2012.

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