Foto colhida na internet |
Nas últimas décadas a mulher, cada vez mais, vem assumindo a posição de chefe da família, em especial naquelas em que ela tem uma atividade mais bem remunerada do que o marido, ou é mais qualificada do ponto de vista profissional. Esse novo perfil das uniões conjugais vem causando um reverso no jogo pesado da dominação emocional que, lamentavelmente, ocorre não raro entre muitos casais: os varões começam a assumir a posição de dominados e, nessa condição, são vítimas de agressões verbais, insultos, humilhações que lhes diminuem a autoestima.
No entanto, é mais difícil para eles assumirem que estão sendo vítimas de violência psicológica por parte da parceira porque não é de nossa cultura que os homens se queixem. Se o marido ou companheiro for reclamar em uma delegacia, sua imagem ficará ainda mais danificada, conforme bem observa a psicóloga e advogada paulista Lidia Gallindo.
A Lei Maria da Penha, em seu artigo 7o. define o que se considera como violência psicológica no seio doméstico, mas ela só se aplica para as vítimas do sexo feminino ou, no caso de casais homo, para aquele(a) que faz o "papel" de mulher. Portanto, os homens estão num "limbo legal" quando se encontram na posíção de vítimas de violência moral ou psicológica praticada por suas parceiras.
Até bem pouco tempo, quando alguem levantava a questão de os homens também estarem sendo vítimas de violência doméstica eu relutava em pensar na aplicabilidade, para eles, de proteção especial. Achava que, por serem mais fortes fisicamente, os homens nao precisavam de proteção do Estado contra as ações de suas esposas/companheiras. Eu estava errada. A realidade - tantos casos de homens humilhados, vilipendiados em sua autoestima por suas parceiras - me modificou o pensamento. Neste pós-modernismo, com o surgimento induzido e irreversível da sociedade de consumo - na qual lamentavelmente a pessoa vale na medida de sua capacidade de produzir riquezas econômicas (e nao morais) - provocou um impacto tao profundamente transformador no modo de vivermos o casamento, a família e o agir em sociedade que já nao existe mais o "papel do gênero". A sonhada igualdade, pela qual mulheres corajosas que vieram antes de mim lutaram e lograram êxito, felizmente foi alcançada. Por outro lado, ve-se agora que a igualdade foi assumida em sua integralidade, sem reservas, isto é, muitas mulheres colheram para si os aspectos negativos do agir masculino, dentre os quais, a violência mostrada por alguns. A doçura, a delicadeza, a ternura, a bondade e a compaixão - que sempre foram a marca da alma feminina - perderam terreno para antivalores que "eu nao consigo cantar". Hoje, mais do que nunca na aventura humana sobre a terra, somos iguais. Para o bem e com bônus. Mas também com uma enorme carga de ônus, com perdas por demais relevantes para todos nós.
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