Sete anos sem Doroty: sepultamos os mártires, mas o grito por uma sociedade justa e pela defesa do meio-ambiente tornou-se um brado ensurdecedor

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Em 12 de janeiro de 2005, a Ir. Dorothy Stang foi assassinada em Anapu, na área onde estava sendo desenvolvido um projeto de desenvolvimento sustentável PDS que aliava a produção familiar com a defesa do meio ambiente.
O crime provocou uma onda de indignação nacional e internacional que tomou conta das redações dos jornais e dos estúdios das TV’s e das rádios. A pequena e desconhecida Anapu passou a ocupar um lugar de destaque na geografia mundial.  
A reação do governo foi rápida. Ministros de Estado se deslocaram até Anapu (PA). Autoridades se manifestaram condenando a agressão. O exército brasileiro deslocou contingentes para a região. Promessas de punição implacável dos culpados se repetiram. Medidas para regularizar a posse das terras foram anunciadas e áreas de proteção ambiental foram criadas.  
Logo os dois pistoleiros executores do crime foram presos. Depois foi preso o intermediário que os contratou e por fim os dois fazendeiros apontados como mandantes do crime.
As investigações da polícia federal apontaram para uma ação envolvendo um consórcio de fazendeiros e madeireiros interessados na eliminação da missionária. Os executores do assassinato, Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista e o intermediário Amayr Feijoli da Cunha, o Tato, foram julgados e condenados dentro de um tempo considerado rápido diante da morosidade da justiça paraense.

Os mandantes
  • Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado a 30 anos de prisão, em 2007. Menos de um ano depois, em segundo julgamento, foi absolvido. Julgado novamente em abril de 2010, foi condenado, após 15 horas de julgamento, a 30 anos de prisão em regime fechado. Em outubro de 2011 ganhou o direito de cumprir o restante de sua pena em regime semiaberto.  
  • Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, esteve preso durante um ano até que foi solto por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal. Julgado em 2010, Regivaldo foi condenado a 30 anos de prisão. O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), ao rejeitar a apelação, decretou sua prisão cautelar. Na última segunda feira, 10 de fevereiro, ele teve negado seu pedido de habeas corpus para permanecer em liberdade até o julgamento do último recurso contra a condenação. O relator do caso, desembargador convocado Adilson Vieira Macabu, considerou não haver elementos que justificassem sua libertação.  
Passados sete anos, o que impressiona é que a presença de Dorothy, antes confinada a Anapu, multiplicou-se. A irradiação do seu sorriso contagia pessoas no mundo todo. Sua morte irrompeu com a força da ressurreição. Sua ação, humilde e desconhecida, pequena e quase isolada, expandiu-se por todos os cantos do Brasil, conquistando corações e mentes e ganhou as dimensões do mundo.  
Dom Erwin Kräutler, o bispo do Xingu, em cuja diocese Dorothy exercia seu trabalho pastoral, disse na missa do quarto aniversário de sua morte: “O sangue derramado engendrou uma luta que nunca mais parou. Sepultamos os mártires, mas o grito por uma sociedade justa e pela defesa do meio-ambiente tornou-se um brado ensurdecedor.”

Em vários lugares do Brasil, como em Belém e em Fortaleza, serão realizadas celebrações para lembrar os sete anos sem irmã Dorothy.
Belém - Pará
Local: Praça da República (Espaço do MOVIDA)
Horário: às 10h do dia 12/02
Fortaleza - Ceará
Local: Paróquia de Santo Afonso (Igreja Redonda).
Av. Jovita Feitosa, 2733 – Parquelândia – Fortaleza – CE.
Horário: 18 horas do dia 12/02
Fonte: CPT

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