Violência psicológica: a dificuldade de comprovar aos outros a dor da agressão que nao deixa marcas pelo corpo, mas dilacera a autoestima da vítima

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A violência psicológica não permite a prova da materialidade do crime mediante um simples exame de corpo de delito. Ela é consumada por meio de palavras: acusações, cobranças. Ou gestos: olhares sarcasticos, piadas sobre a pessoa, o atual bulling, humilhações, desprezo.
A comprovação desse tipo de crime não é fácil, pois se trata de revelar aos outros uma dor moral, mas ele está bem descrito no artigo 7 da Lei Maria da Penha: constrangimentos, ridicularização e perseguição, entre outras ações causadoras de danos emocionais.
A agressão psicológica é um crime aparentemente invisível que paralisa casais durante anos. O relacionamento deixa de ser um jogo do amor e se transforma em dominação. Um anula o outro, torna-lo refém de seus desejos.
A psicóloga Margareth dos Reis, do Ambulatório de Medicina Sexual da Faculdade de Medicina do ABC, explica que, quando um tem um limiar para tolerar frustração muito baixo e o outro, muito alto, a violência psicológica se perpetua.  

Um caso: a comerciante Mônica, 49, trabalha atendendo clientes do marido, mas sem salário. Ele já escondeu a chave do carro dela para impedi-la de sair sem avisar. Um dia, quando Mônica fazia ginástica, xingou-a na frente de todos. Mas ela não consegue ver uma solução pois está casada há 30 anos e entende que não pode desfazer a família, embora suas filhas lhe encorajem a se separar. 

Em regra, o jogo é de mão dupla: quem sofre a violência se nutre dela e a transforma no cimento da relação, dizem os psicólogos. Parece um jeito de culpar a vítima e desculpar o agressor. Mas não é novidade, para quem estuda a coisa. É a dinâmica sadomasoquista, um pacto inconsciente: um provoca, outro agride, o que deve dar algum prazer, diz a psicanalista Belinda Mandelbaum, do Laboratório de Estudos da Família do Instituto de Psicologia da USP.
Além de manifestar um aspecto da sexualidade, a violência psicológica é uma forma de comunicação. Associamos essa forma de agressão a todas as ações que causam dano ao outro pela linguagem, diz a psicóloga Adelma Pimentel, autora de Violência Psicológica nas Relações Conjugais (Summus, 152 págs, R$ 36,90).
A perversidade do jogo é que, no relacionamento íntimo, um sabe os pontos fracos do outro, aqueles que ninguém quer tornar público.
Você constrange a pessoa usando os demônios dela. E ela faz o que você quer, por gostar de você, diz Forbes.
Foi assim no primeiro casamento da inspetora de alunos Lúcia, 48. "Eu tinha 19 anos e me casei com o homem pelo qual estava apaixonada. Ele me desvalorizava porque eu era pobre, negra, e eu achava que ele tinha razão".
Destruir a autoestima do outro é a estratégia e a consequência da agressão oculta.

Lúcia achava que o ex-marido era lindo. "Ele dizia que eu tinha que agradecer por transar com ele. E eu nem sabia o que era orgasmo!" O morde-e-assopra sustentava o jogo do ex. Se eu chorava, ele me abraçava e dizia: Gosto de você como você é.
Os efeitos na pessoa agredida vão dos distúrbios alimentares à depressão, chegando à tentativa de suicídio, diz a psicóloga Marina Vasconcellos, da Federação Brasileira de Psicodrama.

A vítima dessa forma de violência quase nunca quer mostrar a cara, porque denunciar a agressão é também expor as próprias fraquezas, Afinal, ela se submeteu, aceitou um arranjo ruim com medo de romper e ficar sem aquele amor.
Fonte: Jornal Folha de São Paulo

7 comentários:

Anônimo disse...

sou uma mulher bonita de carater,casada a 29 anos,a 10 anos não gosto do meu marido,não sinto nada com ele na hora do sexo vou para o banheiro vomitar,coloco travesseiro no rosto,quando termina eu choro e digo mais uma etapa vencida.ele sempre me maltratou diz que não presto pra nada,mas não aceita separaçãos sou triste e infeliz não consigo nem fazer amizades naõ aguento mais ,mas tbm naõ consigo sair,me sinto inutil,sozinha depressiva e viuva de marido vivo

Anônimo disse...

É anônima, sempre há uma saída, a partir do momento que você começa a se perguntar: Por que eu não posso ser feliz
Eu vivi 10 anos sofrendo. Fui violentada fisicamente, sofri essa humilhação de fazer sexo por obrigação. Só hoje consegui verbalizar, contar ao mundo o meu sofrimento. E não é fácil. Não denunciei e o marido ficou santinho evangélico na CCB, pois a maioria é machista, acha que mulher nasceu para objeto e procriação. E se reclamam arrumam um demônio para atacá-las. Estou psicologicamente abalada, mas sempre procurei olhar para frente. Quando sofri agressão eu jurei a mim mesma que daria a volta por cima. Hoje estou terminando meu doutorado e não fiquei aquela mulherzinha submissa... apesar das humilhações. E pode ter uma certeza: a justiça divina é a única que não falha, porém não dá para perder tempo. Felicidade é urgente. E é tão bom beijar na boca, ser amada por um homem difenrente desses monstros por aí. Graças a Deus eu venci e vencerei sempre de cabeça erguida, embora haja esses crentes hipócritas que apunhalam mulher que divorcia porque Deus não é a favor do divórcio. Será que Deus é a favor da violência contra a mulher( interrogação), eles não sabem responder isso porque a cegueira do machismo e da ignorância impedem. Abraços e boa sorte.

Anônimo disse...

È mesmo uma pena essa questao da violencia psicologica ser pouco abordada...Bom, vou contar um pouco da minha historia, tentar resumir ao maximo para nao me alongar pq acho muito importante para servir de estimulo para que as vitimas desse tipo de agressao nao silenciem. Nao vivo no Brasil, moro em outro Paìs, estou aqui ha aprox. 2 anos e meio e vivo com um companheiro (portugues) que so esperou vencer meu visto e que eu ficasse ilegal para começar a me maltratar psicologicamente. Me fez tranbalhar em seu restaurante sem querer me pagar absolutamente nada mais de 15 horas por dia sem folga, qdo eu estava muito cansada por trabalhar na parte da noite, ele ainda me botava pra limpar o restaurante depois de fechado e servir seus amigos e na hora de receber o salario, hum...eram brigas terriveis para que ele me pagasse um salario muitissimo abaixo do normal, posso dizer um salario ridiculo...Acontece que ele começou a me humilhar na frente dos clientes,falava que eu nao prestava pra nada que nao era competente pra nada que nao servia pra trabalhar pra ngm, que eu era uma merda, etc etc etc, inclusive, na parte da noite botava no computador filme com mulheres se despindo ou fazendo filmes porno para alguns clientes que ali estavam junto ao balcao,e eu bem ali na frente atendendo e passando por esse tipo de constrangimento... simulava que estava fazendo sexo anal atras de mim para se exibir para os clientes enquanto eu enchia as gavetas da freezer de bebidas, em casa eu lavava passava e ainda nao tinha tranquilidade para dormir em paz pq ele sempre me olhava com reprovaçao se eu quisesse ficar dormindo um pouco maise falava na maior cara de pau se quer dinheiro vai ter que trabalhar e la ia eu pra mais uma jornada cansativa, ate que engravidei e continuei a trabalhar ate 2 semanas antes de ter o bebe, concluindo, tive problema de placenta previa e mesmo assim ele queria ter relaçoes comigo e falava que se eu nao fizesse ele procuraria outra, etc...ate hj ele me maltrata, me humilha, nao nos registrou nesse Pais,sequer registrou a filha, continua me controlando em tudo e esta louco que o Juiz decida por eu ter que ir embora para o Brasil com nossa filha, o meu caso é extremamente complicado por eu nao ser desse Pais, mesmo assim criei coragem e fui ao hospital na parte de violencia domestica, estou sendo acompanhada por um psiquiatra, que vai diagnosticar e me ajudar a superar o trauma, ja fui em associaçoes para me informar sobre os meus direitos...Enfim, sai da condiçao de sofrer calada e quieta principalmente pela minha filha que so tem 1 aninho de idade, quero ficar bem e feliz por ela para cria-la em um ambiente de paz e amor. Se vc hj passa por algo parecido e nao tem coragem de denunciar na policia, comece pelo menos com um apoio psicologico que é funadmental para sairmos desse buraco que por vezes achamos que a culpa é exclusivamente nossa por nos metermos nele...Seja por amor ou por falta de condiçoes financeira ou pelos filhos que vc nao largou desse mosntro ainda, mas faça algo pela sua mente, pq do contrario ngm vai fazer por vc e vc so tende a piorar...Boa sorte a todos e todas!

Angela disse...

Estou sofrendo violência psicológica já a alguns anos, mas piorou muito depois que perdi o emprego. Gostaria de denuncia-lo mas não sei como provar porque na maioria das vezes ele me agride quanto estamos sozinhos. Alguem pode me dar uma orientação?

Anônimo disse...

Quero saber como levar esta questão de violência psicológica mas q não e só essa a forma ,tb com relação à criança, porque ele na maioria das vezes perde o controle e bate na parede dizendo q quriia fazê -lo em nós, filho e eu.
como proceder para q a separação seja feita e a criança protegida deste furioso fingido, q disfarça muito bem frente sos estranhos?

Manoel Castro disse...

Olá, sobre este tema, gostaria de compartilhar com vocês um Artigo que vai ajudar, nela falamos da Violência Psicológica contra a Mulher,
muitas mulheres tem suas vidas destruída apenas por serem humilhadas, mesmo que não sofram agressão física. Vale a pena conhecer um pouco mais. Segue o link: http://www.wikiworld.com.br/violencia-psicologica-contra-a-mulher-na-relacao-conjugal/

Anônimo disse...

E a violência psicológica que a mulher comete contra o homem?
Vejo mulher que todo dia xinga o marido, fala mal do marido em qualquer lugar na frente de qualquer pessoa, critica tudo o que o marido faz...
Aí tá tudo bem? Tem que ser uma regra pros homens e outra pras mulheres?

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