Secretário Executivo do Congresso do Ministério Público, a ser realizado em Belém, resume com muita didática a questão do consumo sustentável

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O blog da anamaria teve acesso em primeira mão e publica, com muita satisfação, para conhecimento de todos os que acessem este blog e defendem uma revolução no consumo.

Por Helio Rubens Pinho Pereira - Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Pará

Foi com grande satisfação, que recebemos a notícia de que o professor Michel Braungart participará de nosso congresso. Esse doutor alemão é uma das maiores autoridades mundiais sobre o tema da poluição. Ele foi eleito pela revista norte-americana Time com herói do meio ambiente.
Segundo o professor, o método que usualmente utilizamos para proteger o meio ambiente consegue, na melhor das hipóteses, poluir menos. Mas isso não resolve o problema !

Utilizamos um processo de reciclagem degradante, isto é, a partir de um produto original, cria-se outro de qualidade inferior, que, depois de utilizado, vira lixo, poluição. Temos, no máximo, uma geração de reciclagem degradante.

Em alguns casos, a tentativa de reciclar gera impactos ambientais graves que não são percebidos por quem, de boa-fé, simplesmente se valeu de princípios equivocados.

A tinta das impressoras que temos em nossas casas é feita com substâncias altamente poluentes. Durante a reciclagem do papel, essas substâncias são diluídas em meio liquido. Após o processo, as sobras são descartadas no esgoto. O resultado ? Grave poluição dos rios e mananciais (sem falar das árvores que foram cortadas no início da cadeia produtiva).

Na verdade, nosso modo de produção está errado. Tudo que adquirimos no mercado torna-se, ao fim, lixo e poluição. Mas será que precisa ser assim ? Será que esse processo, que vai do berço (insumo) ao túmulo (lixo), é inevitável ?

Como dizia Einstein “o mundo não vai sair da atual crise usando o mesmo pensamento que criou essa situação.”

Com seu espírito inovador, o professor Braungart teve um pensamento novo, brilhante, denominado por ele de sistema “Berço a Berço”.

A idéia pode ser resumida com as palavras de nosso próprio palestrante, diz ele: “todas as coisas fabricadas devem ser projetadas desde o início com a intenção de que elas acabarão por ser recicladas; ou voltarão para o solo, sem causar danos, ou serão aplicadas em algum outro produto. Os resíduos são alimentos. Não necessariamente o tipo que você come, mas o tipo que alimenta alguma coisa útil”.

Nosso palestrante, por exemplo, reconstruiu a fábrica da Ford em Detroit. A idéia básica foi a seguinte: um prédio tem que ser como uma árvore, que retira algo do meio ambiente (dióxido de carbono), mas devolve outra coisa útil para a natureza (oxigênio). Em resumo, a árvore gera um impacto positivo para o equilíbrio ecológico.

Não se trata de apenas não poluir. Nossas ações devem e podem ter um resultado positivo para o meio ambiente. Na prática, o professor conseguiu que a fábrica produzisse mais energia (limpa) do que necessitava. Ela passou a fornecer energia para o sistema público. A água utilizada na produção foi tratada por processos biológicos. Ao ser liberada para um lago próximo, estava mais limpa do que quando entrou (impacto positivo).

Para a Unilever, o professor construiu uma embalagem inspirada nos pássaros. Ela é biodegradável, portanto não causa impacto negativo. Mas não basta só isso, é preciso agregar valor. Ao degradar-se, a embalagem libera sementes no meio ambiente, que depois poderão gerar novas árvores, tal qual fazem os pássaros.

A importância do nosso palestrante, hoje, é tão grande que o governo da China o contratou para construir sete cidades que respeitem o sistema “berço a berço”.

Estamos, claramente, diante de uma revolução. Nós, Membros do MP e representantes do interesse social, temos a obrigação de exercer um papel de proeminência nos temas ambientais. Mas, para isso, temos que conhecer profundamente os princípios e métodos adequados para resolver as graves questões que se apresentam. O problema ambiental, que atinge a todos, cariocas ou cearense, brasileiros ou chineses, é o grande desafio do século XXI.

Somente conhecendo, poderemos debater, conscientizar ou até exigir a adoção de políticas públicas e privadas que, efetivamente, resolvam o problema ambiental.

Um excelente congresso para todos.        

HÉLIO RUBENS PINHO PEREIRA
Promotor de Justiça
Secretário executivo do congresso

1 comentários:

Anônimo disse...

Competente Promotora Dra. Ana:
O brilhante Mestre Marcos Klautau voltou ao seu blog – Blog do MK – com uma postagem que merece ser lida: “Um Apelo Virtual”. Enquanto os poulíticos arrombam os cofres, as pessoas sériaS ficam desempregadas. Só mesmo no Pará e no Brasiil.

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