Vale pressiona governos locais, afirma relatório de insustentabilidade feito pela Articulação Internacional dos Atingidos da Vale

terça-feira, 1 de maio de 2012

Para Articulação Internacional dos Atingidos da Vale, o poder econômico e político da empresa pressiona governos locais, regiões e até países, com a facilidade de exercer pressão sobre governos, obtendo isenções fiscais, financiamentos e posse de terrenos.
O texto cita a mudança no estatuto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 2007, que facilitou a aprovação de financiamentos a empreendimentos da Vale.
"Na força de suas milionárias campanhas, a Vale se pinta de verde e amarelo e imprime uma imagem de responsabilidade socioambiental e de compromisso com o 'desenvolvimento sustentável' do país.

No roteiro, obviamente, as vozes que questionam a Vale são asfxiadas". Este trecho é de um relatório apresentado em 18 de abril pela Articulação Internacional dos Atingidos da Vale, que questiona, critica e denuncia os recorrentes e "insustentáveis" impactos ambientais e sociais causados pela mineradora Vale.
Contrapondo o relatório publicado anualmente pela Vale, chamado "Relatório de Sustentabilidade", o movimento decidiu então compartilhar as experiências dos trabalhadores e comunidade atingidas, publicando o "Relatório de Insustentabilidade".

Destaque para a evolução dos lucros da companhia:
em 2010, a Vale registrou uma receita operacional de US$ 46,5 bilhões e lucro operacional líquido de US$ 21,7 bilhões. Em 2011, foram cerca de US$ 62 bilhões de receita e US$ 22,23 bilhões de lucro líquido. A despeito desses lucros, a empresa empregou, em 2010, US$ 1 bilhão em atividades de responsabilidade social corporativa. Contudo, a maior parte desse montante foi empregada em atividades de "maquiagem verde e propaganda", denuncia o relatório.
 
Vale, a pior empresa do mundo
Conhecido como "Prêmio Nobel" da vergonha corporativa, o Public Eye Awards deste ano elegeu a Vale como a pior empresa do mundo em função dos problemas ambientais, sociais e trabalhistas. Concorrendo com empresas como Samsung, Syngenta, Tepco e Freeport, a Vale venceu por voto popular o "prêmio" que é concedido pelo Greenpeace da Suíça e Declaração de Berna.

A Vale ficou à frente da companhia japonesa Tepco, responsável pelo desastre nuclear de Fukushima

Impactos socioambientais
o relatório destaca números da mineradora em 2010: 11 mortes de trabalhadores em acidentes, 124 acidentes graves nas ferrovias, 175 mortes ou lesões graves por acidentes nas ferrovias, 726 milhões de toneladas de resíduos minerometalúrgicos, 18,7 milhões de toneladas de gás carbonico, 18,6 quilômetros quadrados de área de floresta amazônica impactada, 741,8 quilômetros quadrados foi o total de áreas impactadas pela Vale.

Impactos Sociais
São enumerados exemplos nacionais e internacionais, dos quais a Vale é protagonista de grandes impactos sociais. Em Moçambique, dois projetos de mineração resultaram na remoção de cerca de 760 famílias camponesas das suas comunidades, como forma de possibilitar a abertura de minas de carvão, entre 2009 e 2010. Enquanto no estado do Rio de Janeiro, a população que vive no entorno da Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), uma joint venture da Vale com a Thyssen Krupp, chama o empreendimento de “FLAGELO TKCSA”. A comunidade sofre com o aumento de 600% de particulados de ferro no ar da região, conforme constatou o Ministério Público do Rio de Janeiro, que denunciou a empresa e dois de seus diretores por crimes ambientais.

Mudanças climáticas

De 2009 a 2010, dados do Registro Público de Emissões do Programa Brasileiro GHG Protocol registram um aumento de 70% nas emissões da Vale, diz o relatório. São dados disponíveis que agregam o conjunto de inventários de emissões das empresas. "Em 2009, a emissão de escopo 1 foi de 8.541.860,06 de gas carbônico já em 2010 foi 14.205.594,40. É importante entender que as emissões de Escopo 1 são diretas, produzidas por fontes que pertencem ou são controladas pela empresa", afima o texto.

Energia

Belo Monte
Dona de 9% das ações de Belo Monte, a Vale é a maior acionista privada do Consórcio Norte Energia, responsável pela construção da usina no rio Xingu, Pará. Obra mais cara do Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, Belo Monte custará cerca de R$ 30 bilhões e vem acumulando um dos maiores passivos sociais, ambientais e jurídicos das obras de infraestrutura em curso no país.
A Vale afirma que 32% da energia elétrica consumida em suas operações foi geradas por fontes próprias, e que parte dessas fontes provém de hidrelétricas. "Entretanto, a Vale consome energia provinda de usinas hidrelétricas estatais de forma subsidiada, enquanto parte da energia gerada em suas usinas é revendida para a população com preços mais altos", destaca o texto.

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