Diálogo entre história e filosofia

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Para o filosofo EDUARDO JARDIM, as relações entre filosofia e história são complexas desde a Antiguidade. Elas foram marcadas por preconceitos da parte dos filósofos antigos, que não consideravam a história como matéria digna de atenção, já que o que interessava à filosofia era o Ser e não o mundo do devir, no qual se desdobra o curso da história. Quando, no final do século XVIII, a filosofia voltou-se para a história, foi para impor-lhe uma ordenação filosófica, não para acolhê-la de verdade. 
No século XX tudo isso mudou, junto com todo o panorama intelectual, e o tempo, que é o elemento da vida histórica, passou a constituir um assunto filosófico da maior importância. Mas esta aproximação no âmbito conceitual não se refletiu na vida das instituições de ensino e pesquisa porque nossas universidades são um agregado de faculdades isoladas que buscam a formação específica do estudante de cada área, sem mesmo se dar conta de que a ideia de universidade supõe o contato entre as diversas disciplinas. 
Esta organização reflete o modo de ser da civilização técnica, na qual o que importa é o rendimento das atividades para a produção de bens determinados. Este cenário tem mudado aos poucos nos últimos anos, inclusive porque hoje são claros os limites desta ótica tecnicista. Sinais dessa mudança já podem ser notados em várias iniciativas. Cursos que acolhem estudantes de história e filosofia são oferecidos, que constituem uma oportunidade para uma troca em pé de igualdade. O historiador tem muito que aproveitar do modo de pensar do filósofo e este tem a atenção despertada para o mundo no contato com os estudos históricos. Uma investigação sobre o tempo e o modo como foi pensado ao longo da tradição deveria envolver as duas disciplinas. Deveria ser o assunto mais importante de um diálogo de historiadores e filósofos.

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