Os eleitores do Pará rejeitaram neste domingo, em um plebiscito, a divisão em três partes do estado, o qual tem 1,2 milhão de quilômetros quadrados, um território do tamanho da Colômbia.
O plebiscito foi convocado para que os eleitores do estado, com 7,6 milhões de habitantes, definissem se gostariam de manter a integridade administrativa do estado ou fazer a divisão em três: Pará, Carajás e Tapajós.
De acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às duas horas do fechamento das urnas eletrônicas, com 80% dos votos apurados e já sem a possibilidade matemática de um resultado diferente, os defensores da manutenção de um único estado venceram com grande diferença.
67,93% dos 4,8 milhões de eleitores rejeitaram a criação do estado de Carajás, contra 32,07% que apoiaram o nascimento do novo estado.
67,36% dos eleitores fizeram oposição a criação de Tapajós, e apenas 32,64% apoiaram a divisão.
Votos em branco - 0,5% do total
Votos nulos - 0,94%.
Abstenção - 25,45%.
Com um enorme território (que é administrado da capital, Belém, uma cidade com porto no oceano Atlântico e acesso ao rio Amazonas), o Pará é um dos estados de menor densidade demográfica do país, em grande parte por ser ocupado pela floresta amazônica.
Dados:
143 municípios
densidade demográfica: 6 habitantes por quilômetro quadrado
Problemas: o estado tem uma extensa história de conflitos rurais, com causa na luta pela terra entre grandes fazendeiros e camponeses sem-terra, e conflitos ambientais, com a atuação de madeireiros ilegais em várias frentes.
O plebiscito sobre a divisão do Pará, autorizado pelo Congresso em maio, é uma reivindicação dos habitantes das regiões mais ao sul e mais ao oeste do estado, que se sentem discriminados pela distante Belém.
Os defensores da divisão reivindicavam um Governo regional exclusivo para Carajás, uma região rica em minerais e onde a gigantesca empresa Vale explora as maiores reservas de ferro do mundo, e outro para Tapajós, uma região com extensas reservas ambientais e indígenas, e na qual está sendo construída Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo.
Carajás nasceria com cerca de 300 mil quilômetros quadrados (24% do total do Pará) e 1,6 milhões de habitantes (20,7%) e Tapajós com 732,5 mil quilômetros quadrados (59%) e 1,2 milhões de habitantes (15,3%).
Já o estado do Pará ficaria reduzido a 218 mil quilômetros quadrados (17%) após a divisão, mas manteria a maior parte da população (4,8 milhões de habitantes ou 64% do total).
Os políticos de Belém alegavam que a criação de duas novas administrações regionais geraria grandes custos fiscais e o aumento da burocracia.
A possível divisão não estaria garantida pelo plebiscito, caso o sim tivesse vencido, porque a fragmentação ainda teria que ser referendada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado e poderia ainda ser vetada pela presidente.
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