O extraordinário fenômeno da pororoca constituiu um dos espetáculos mais edificantes da natureza. Por muitos anos ele desafiou a argúcia dos que tentaram explicá-lo até finalmente se comprreendeu que se trata de uma grande onda que, de tempos em tempos, sobe os rios que desembocam no grande estuário do Amazonas, com grande estrondo e ímpeto devastador, causando o desmoronamento das margens e carregando consigo árvores, embarcações e outros objetos que se interponham a sua passagem violenta.
Causa da onda gigante
A gigante onda é causada pela elevação súbita da maré no oceano, em épocas de sizígia (isto é , nas grandes marés causadas pela conjunção ou oposição da Lua com o Sol, ou seja, marés de "Lua Nova" e "Lua Cheia"). A elevação da maré represa os rios no estuário, fazendo com que suas águas recuem, formando uma grande corrente em sentido contrário ao seu curso normal. Havendo um estreitamento no rio, o nível da água se eleva muito repentinamente e, se houver alguma saliência no leito (os freqüentes baixios formados pela deposição de sedimentos), esse obstáculo faz a água amontoar-se bruscamente, originado a onda que, subindo sempre, termina por rebentar fragosamente, como pode ser observado no Guamá, o grande rio que circunda a cidade de Belém.
Mar versus Rio
A pororoca pode ser entendida simplesmente como uma onda de maré. Ou seja, ela é o resultado da invasão das grandes marés no estuário de alguns rios. França e India também tem pororoca, mas bem menor do que a nossa e a do Amapá
A onda ocorre também na foz dos rios Sena, na França (onde é chamada de mascaret), e Ganges, na Índia (conhecida como bore). Em nenhum lugar do mundo, no entanto, o fenômeno é tão intenso como no litoral do Amapá e do Pará, uma área influenciada pelas águas do maior rio do mundo, o Amazonas.
A cada meio minuto, o Amazonas despeja cerca de 6 bilhões de litros d'água no Atlântico, ou um litro para cada habitante do planeta. O litoral amazônico, por outro lado, registra as maiores marés do país (na Ilha de Maracá, Amapá, já ocorreu uma elevação de 7 metros do nível do mar) e é constantemente açoitado por fortes ventos alísios (que sopram de leste, no sentido mar-terra). Na conjunção desses fatores, quando o mar sobe, suas águas acabam invadindo o estuário de outros rios que desembocam na zona de influência do Amazonas (caso do Araguari), provocando uma colisão espetacular com a massa de água doce vinda na direção contrária.
As maiores pororocas, assim, estão associadas às maiores marés que, por sua vez, dependem da posição da Lua. Quando o mar, a Terra e a Lua estão alinhados, nas luas cheia e nova, ocorrem as marés de siziga, ou marés lançantes, as grandes elevações do mar que provocam a onda.
Há pequenas pororocas todos os dias
Em tese, porém, há pororoca todos os dias, a cada 12 horas (o período de uma maré), mesmo quando são baixas, caso das luas minguante e crescente.
Como a onda ganha forma
A onda ganha forma ao se afunilar no leito de alguns rios ou em "furos".
Furo é nome dado às passagens entre ilhas, como o Furo do Guajuru, aberto em 1850 depois que a pororoca dividiu ao meio a Ilha Caviana, na costa paraense.
O perigo da onda acentua o seu fascínio desde Pinzon até hoje
Já em 1500 a pororoca quase levou a pique a caravela do grupo do navegador Vicente Pízon. Assustados, mas salvos depois de rezar muito, os espanhóis chamaram a região de Santa Maria do Mar Doce.
Diferença da onda do rio para a onda do mar
Diferente do mar, a pororoca não é apenas a energia do vento transformada numa onda. Carregando a força de uma maré, ela é como um degrau de água: quando passa, o nível do rio sobe.
A onda mais longa do mundo - é a guerra das águas
Para os surfistas, a onda mais longa do mundo é um sonho. "Ela é a guerra das águas", definiu o Catarinense Guga Arruda, que desafiou o Araguaia em 1997.
Como é a Pororoca que arrebenta no rio Capim
O suave ruído das águas dos rios, dos pássaros e do vento nas árvores é quebrado por um barulho ensurdecedor. Ao longe, no horizonte, uma gigantesca onda de água avança rio acima destruindo tudo o que encontra pelo caminho. Pedaços de terra são arrancados das margens. Árvores se curvam e são derrubadas com a passagem dessa onda. No final do espetáculo, ouve-se um som parecido com o de marolas chegando à praia e tudo volta ao normal.
Pororoca: um fenômeno natural que conjuga beleza e violência no encontro das águas do mar com as águas do rio.
O fenômeno, que ocorre no município de São Domingos do Capim, resulta da elevação súbita das águas junto à foz do rio Amazonas provocada pelo encontro das marés ou de correntes contrárias, como se estas encontrassem um obstáculo que impedisse seu percurso natural. Quando ultrapassa esse obstáculo, as águas correm rio adentro com uma velocidade de 10 a 15 milhas por hora, subindo a uma altura de 3 a 6 metros.
A pororoca prenuncia a enchente
Alguns minutos antes de chegar, há uma calmaria, um momento de silêncio. As aves se aquietam e até o vento parece parar de soprar. É ela que se aproxima. Os caboclos já sabem e rapidamente procuram um lugar seguro como enseadas e furos dos rios para aportar suas embarcações e as proteger de danos.
Meus comentários: foi por isso que o poeta descreveu a Pororoca assim
Ei, Joao, deixa de contar potoca
que lá vem vindo a pororoca
roncando que nem trovão.
Ei, João, leva o casco lá pro meio
que essas águas de permeio
vem fazendo um barulhão.
Ei, João, esse rio ficou maluco,
tá acabando com o tijuco,
tá matando a criação.
Ei, Joao.
Velho Mateus, que nao tem medo de nada,
sempre diz que essa marvada
nao deixa ninguem em paz.
E dá conselho
para quem nao acredita
para enfrentar essa mardita
tem que correr para tras.
Joao, Joao..
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