Transposição do Rio São Francisco: de um lado, alto custo aos cofres públicos e violento impacto ambiental. No outro lado: contratos bilionários para as empreiteiras

sexta-feira, 23 de março de 2012

Por Ana Maria

O plano básico do Projeto de Transposição do Rio São Francisco é construir dois imensos canais ligando o Rio São Francisco a bacias hidrográficas menores do Nordeste.

Foto: padrejoao.com.br
O governo federal defendeu que o projeto é a solução para o grave problema da seca no Nordeste, pois irá distribuir água a 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, beneficiando cerca de 12 milhões de nordestinos.

A ideia de fazer a transposição é fortemente criticada por ambientalistas e representantes de outros setores da sociedade por diversos motivos. Porém, o governo fecha os olhos a essas evidencias diante da magnitude dos contratos e interesses envolvidos. Agora, já sabemos o custo altíssimo dessa obra aos cofres públicos, de forma que, como sempre, a conta dos ganhos das empreiteiras nas grandes obras que envolvem recursos ambientais cai na conta de toda a nação brasileira.

Argumentos do Governo:
·        O projeto resolveria os problemas sociais existentes na região semiárida do Brasil;
·        A transposição pretende levar água a regiões massacradas pela seca.
·        12 milhões de pessoas serão beneficiadas e a irrigação de polos agrícolas aquecerá a economia e aumentará o número de empregos
·        As margens do rio São Francisco serão revitalizadas e o tratamento de água diminuirá a poluição.

Argumentos dos que são contra a obra:
·        O Nordeste Seco abrange um espaço fisiográfico socioambiental da ordem de 750.000 km2, enquanto que a área que receberá benefícios abrange dois projetos lineares que somam apenas alguns milhares de quilômetros.
·        Deve ser mantido um equilíbrio entre as águas que seriam obrigatórias para as importantíssimas hidrelétricas já implantadas no médio/baixo vale do rio, pois a energia ali produzida, e transmitida para todo o Nordeste, constitui um tipo de planejamento da mais alta relevância para o espaço total da região.
·        As pessoas que moram na vazante do rio são os responsáveis pelo abastecimento das feiras do sertão, pois fazem horticultura no leito dos rios que perdem fluxo durante o ano, serão os primeiros a serem prejudicados
·        O projeto causaria danos à fauna e à flora da região.

Referencias: http://professorgadomski.blogspot.com.br/2012/02/transposicao-do-rio-sao-francisco.html

4 comentários:

Professor Gadomski disse...

Obrigado pela visita, Ana Maria. Que bom que você também colocou em discussão a questão da Transposição do Rio São Francisco. Acredito que sempre devemos participar das discussões a respeito dos temas atuais que podem modificar ou afetar a sociedade. Convido-te a dar sua opinião sobre a transposição também no meu blog, ela será muito bem vinda e contribuirá para a formação crítica dos meus alunos, os quais, não sei se você percebeu, estão participando da postagem que fiz sobre esse tema, expondo suas opiniões.

Um abraço!

Ana Maria disse...

Prezado professor,
Lamentavelmente, não tenho uma visão otimista em relação a esses mega projetos do governo brasileiro. Na verdade, em toda a America do Sul vemos ocorrerem grandes obras de exploração de recursos ambientais, sempre em detrimento da população local mas em benefício das grandes empreiteiras de capital que sequer tem pátria (se tem, não é a nossa). As grandes obras são nada mais do que a forma “legal” (ainda que ilegítima) de transferir recursos públicos para os cofres privados das grandes empresas mundiais. É por isso que vemos aprovarem esses megaprojetos mesmo que flagrantemente contra as determinações da Constituição e das leis infraconstitucionais que tratam do meio ambiente. Vivemos uma crise nesse sentido. E não vejo que a sociedade brasileira, ou dos demais países afetados por esse fenômeno que recrudesceu sob a ideologia do neoliberalismo, possa se insurgir contra tal estado de coisa pois para tanto seria necessário que um elevadíssimo número de cidadãos compreendam exatamente do que se trata: de transferir recursos públicos para as bilionárias empresas privadas que atuam nesse segmento. Como vamos lograr esse grau de conscientização num país onde ainda impera analfabetismo, IDH baixíssimo e com uma a classe média que representa o ápice da sociedade de consumo?
Em todo o terceiro mundo a miséria se impõe enquanto uma pequena parcela enriquece. E muito. Entre nós, temos uma classe média que se cala com uma melhoria econômica de vida, mas que vive apavorada pelo avanço da criminalidade, que ela erroneamente atribui à falta de punição dos pobres que se transformam em bandidos, sem compreender que os verdadeiros bandidos estão entre aqueles que deveriam combater a pobreza com a implantação de um sistema mais humanitário que lograsse a divisão equitativa das riquezas naturais. Na verdade, os governos dos diversos Estados do planeta mostram-se omissos em sua obrigação de proteger as classes pobres. A meta é o acúmulo do capital. As próprias grandes obras que envolvem o meio ambiente – além da apropriação das riquezas e do recebimento de mega parcelas do dinheiro publico - impõem baixos salários aos operários pelas empresas detentoras do capital que ganham essas licitações. Sem falar nos que são simplesmente ignorados, excluídos mesmo da fruição de direitos fundamentais constitucionalmente garantidos. Desenvolvimento sustentável é apenas uma retórica repetida pelos governantes e um conceito que jamais será compreendido pelas 800 milhões de pessoas em todo o mundo sem acesso à água de boa qualidade ou por aqueles que estão a vender um rim, um pedaço de seu próprio fígado, uma córnea, por dois mil reais.
Enfim, desculpa todo esse pessimismo, mas não seria sincera se escrevesse que estamos em um momento alvissareiro.
Ana Maria Magalhães

Anônimo disse...

oi

SOCIOLOGIA NO LANCHE disse...

o ideal, segundo "os cotra tudo", seria rezar? ou levar água para quem está com sede?

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